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A ansiedade nos dias de hoje. Um apontamento das múltiplas faces da Ansiedade.

  • 16 de jun. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 3 de out. de 2022



É cada vez mais comum em nossa contemporaneidade a apresentação dessa sintomatologia, chamada ansiedade e muitas pessoas procuram o analista de início por que elas estão deslocadas e afetadas por algo que geralmente diz respeito a ansiedade.


Torna –se cada vez mais comum a procura de analises inicialmente provocadas por esse encontro entre elas e a ansiedade, é nesse sentido que vamos investigar, e examinar com mais cuidado o que é a ansiedade, o que está disparando gatilhos para que ela se apresenta entre nós.


No que diz respeito a esse sintoma vale considerar, a existência de várias manifestações, e as apresentações multifacetadas. Mesmo considerando essas diversas manifestações e as variáveis as quais ela se mostra, em um discurso analítico existe um certo tipo de “double face”, ou seja, os conjuntos bem diversos que compõem a ansiedade, eles acabam se organizando em uma dupla perspectiva tendo então um conjunto de sintomas, que podemos chamar de somáticos aqueles sintomas que vão se manifestar sobre o corpo, e temos também os psíquicos, para que possamos entender isso melhor, vale descrever um pouco desses dois traços de sintomas, os somáticos vão se apresentar no corpo como forma de sudorese, suor nas extremidades, tremores também podem fazer parte desse quadro sintomático, geralmente aquela sensação que existe algo dentro de nós fora do eixo, ou do lugar, dores que se deslocam pelo corpo, uma sensibilidade maior se faz presente na vida da pessoa ansiosa, fica diretamente afetada toda a parte sensorial , ela sente de maneira mais aflorada todos os órgãos do corpo , náuseas são recorrentes , taquicardia (uma aceleração maior dos batimentos cardíacos ), a famosa dispneia suspirosa, que torna a respiração mais dificultosa, uma inquietude também pode se manifestar, uma certa agitação na pessoa. O que é muito notório na pessoa ansiosa é aquela sensação de estar sempre em perigo, uma grande vulnerabilidade e desamparo parece sempre acompanhar o indivíduo nesse cenário sintomático.


Já os sintomas psíquicos, que também compõem a ansiedade esse são outros traços de sintomas psíquicos, são os “famosos “ pensamentos de impotência, a pessoa é tomada por um sentimento que não dará conta por exemplo, de fazer as coisas normais do dia, dia, como cuidar dos filhos, participar de uma reunião, ir a uma entrevista de emprego, tarefas normais que a pessoa faz, ou vinha fazendo na sua vida normalmente. É muito comum surgir pensamentos de limitação e impotência, e aquele “negativismo” clichê de sempre da pessoa considerar que o pior sempre vai acontecer com ela, uma catástrofe, situações ruins, tragédias etc. Além disso ela também pode manifestar uma falta de concentração, não conseguindo se dedicar as coisas que ela faz, não consegue estudar bem, não consegue trabalhar, essa falta de concentração é fusionada a esse traço psíquico, e também sintomas relacionados ao tempo, ora a pessoa acha que o tempo está curtíssimo , não dando conta de fazer as coisas dentro do dia , dentro da tarde , tendo a sensação de “aceleração “ do tempo, a percepção que o tempo vai se esvaindo ao longo do dia , escapando das suas mãos, ou também o contrário disso, uma sensação que o tempo não passa, aquele tempo pesado, dia longo , os minutos se tornando horas.


E esses sintomas tanto psíquicos, quanto somáticos dependendo do grau que se apresentam, pode sim vir atrapalhar, ou transtornar a vida da pessoa. Quando um paciente chega a nós analistas, eles vão nos sinalizar até mesmo com o sono , esse é diretamente afetado pelos quadros anciogênicos, onde surgem as dificuldades quanto a dormir , as tão temidas insônias, em contrapartida pode ocorrer um excesso de sono , o sono é um dos indicadores de manifestação da ansiedade mais comuns, e junto a ele temos a alimentação, a pessoa começa comer demais, ora ela come de menos, ora ela não tem apetite nenhum , ora a pessoa acometida pela ansiedade pode ter uma voracidade sem precedentes , pode ter muito apetite, e isso repercute também nas relações sociais, pois passam por mudanças quando estão ansiosas e nas relações amorosas. O que eu quero dizer, é que nesse conjunto de sintomas que compõem a ansiedade, acaba trazendo uma gama de efeitos, que repercutem nessas circunstâncias que acabei de mencionar. Por outro lado, é importante considerar que ansiedade pode ser desencadeada por fatores muito diversos, não necessariamente um fator especifico que pode causar a crise, ou o quadro de ansiedade, as vezes temos fatores mais nítidos, onde a pessoa passou por uma situação adversa, um sequestro, um assalto ou uma situação de chamado ao público, que ela se sinta, ou sentiu-se incomodada podendo aí tornar-se mais ansiosa.


Verificamos então que temos situações nítidas, e situações dispersas, amórficas, que sem muitos sinais evidentes acabam se manifestando, tendo em vista de uma distinção muito importante, entre a ansiedade e o medo, ansiedade não é bem um medo ou uma fobia , quando nós sentimos medo ou quando estamos em uma situação fóbica , o medo é diferente da ansiedade porque ele apresenta um objeto, a fobia especialmente representa um objeto claro, e bem discernível, então a pessoa está apavorada eventualmente apresentando sintomas de taquicardia, sudoreses , tremores e inquietude por conta daquele objeto especifico, ou por conta de uma situação especifica. Já, a ansiedade pode nos dar a ideia de que não existe nela um objeto especifico, ao longo de uma análise podemos examinar que a ansiedade, não é sem uma relação com algum objeto, não necessariamente um objeto especifico, um objeto palpável, ou nítido como o medo, e onde entra o objeto? Já que eu mencionei isso na ansiedade, aí sim que é muito interessante, os momentos que nós nos sentimos ansiosos, que somos capturados pela ansiedade, são geralmente os momentos que eu me coloco como objeto numa dada situação, é como se fosse o sujeito se colocando como objeto , normalmente quando falamos de objeto pensamos em uma coisa que está fora de mim , uma coisa que eu possuo, alguém com quem eu lido, ou algo que tenho posse , essa é uma dimensão do objeto, mas se tratando de psicanálise, é de suma importância considerar , que eu próprio posso me colocar como objeto sem me dar conta disso, diante de alguma situação. A ansiedade é um grande sinal que nós temos, um sinal para o próprio analista que conduz a análise, é um sinal para nós todos ao longo de nossas vidas, e qual seria o sinal, o que a ansiedade sinaliza? Ela sinaliza para situações, onde a pessoa foi raptada as vezes a despeito das suas intenções, a despeito dos seus planejamentos, a pessoa é capturada como objeto, objeto de um outro, ou objeto de uma situação , em todos os momentos que ela se entrega de certa forma , e que se aprisiona como objeto , ela começa a perder essa condição de sujeito, ai sim os momentos que a ansiedade até de maneira mais significativa, alguma coisa muito mais aguda , ou a angustia acaba se manifestando, quando a pessoa se distancia da condição de sujeito, aquele que busca, faz, erra, tem suas pulsões vitais.


Quando isso acaba sendo ofuscado , eclode na pessoa uma dimensão que não faz bem, e que causa uma certa paralisia, a pessoa é tomada por uma certa situação enquanto objeto, nesse sentido sim é quando um ansioso nos discursa em analise, que foi raptado por essa condição subjetiva, e ao longo de uma analise o desafio que nós temos a cada sessão, é buscar uma desconstrução , conseguir um novo caminho, reorganizar quanto a isso, que ao longo da vida captura a pessoa como objeto, e a deixa em um looping, com movimentos repetitivos de ansiedade, até a situação ser “resolvida” na vida dela.





 
 
 

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